O PESO DE SER

2 anos, sim hoje completam 2 anos que o Ousadia Futebol Clube foi o Bicampeão do Campeonato Vital Brasil. Ainda me lembro de como acordamos naquele sábado do dia 22 de setembro. A cabeça pesada, o corpo dolorido por conta da noite mal dormida, se é que dormi. Durante a noite, os fantasmas do passado nos faziam visitas, mas o fantasma da primeira vez que fomos campeões não veio. Um banho gelado para tentar acordar, mas as pernas tremiam e doíam demais, o peso nas costas nos empurrava para baixo. Entro no meu quarto e a vejo, pendurada, me encarando, cobrando de mim a segunda estrela que ela tanto queria. La estava o manto que não só é um escudo de um time, mas sim um escudo de uma família. Família pela qual lutei, Família que defendi, Família que entreguei cada gota de suor e de sangue, Família que me acolheu e me perdoou na minha pior fase e celebrou na minha melhor. No caminho para o estadio, estadio que eu chamo de casa, estadio que eu chamo de Ousadia Bernabeu eu ia pensando. Pesando se merecia estar ali, afinal não havíamos ganho nenhuma das partidas que jogamos mas os W.Os haviam nos levado a final. Destino? Deus? Macumba? Não sei mas algo nos queria ali. E eu só pensava em correr, virar as costas e fugir dali. Mas não fugi. Eu fui. Vesti o manto e ele estava pesado, não me reconhecia, não havia sintonia entre corpo e alma. E então, começou. Cerca de 1h e conheceríamos o que o destino tinha guardado para nos. Um jogo complicado, pegado um pequeno erro e tudo podia ir por água abaixo. E foi o que aconteceu, Spanto errou e o 1º Gol saiu, era 1 x 0. O time se abalou, muitos erros, poucas chances criadas e como todos dizem, quem não faz... 0 x 2, mais um erro de Spanto. Desconsolado la estava ele no chão, sua família o apoiava e naquele momento o Ousadia se abraçou. Alma e corpo estavam conectados, era a hora do Show. Gabriel defendia o gol como nunca haviam visto antes, Spanto e Delboux formaram uma muralha que era impossível passar, brigavam por cada chance criada, não havia bola perdida, George comandava o time, sua estrategia dava inveja nas mais avançadas táticas de Guerra já vistas, Marcos, Peri, Edwaldo e Luiz comandavam o ataque, bombardeando o adversário que já não via a cor da bola. Então veio a redenção, Spanto chutou de fora a bola foi pra escanteio, o mesmo cruzou e Peri marcou. Era 1 x 2, era o Ousadia de volta ao jogo. Já no final do primeiro tempo, de forma espetacular, Delboux desarmou o adversário e tocou pra Luiz que chutou, fantástico. 2 x 2, o Ousadia levava o empate para o intervalo. Na arquibancada a torcida era do Ousadia, Kevin, Alex, Bode, Mateus, Whisk, Luiza, Marcio... toda a família la estava para apoiar. Conselhos e ordens do George mostravam como o time voltaria a campo. O segundo tempo começou, tão pegado quanto o primeiro e de cara, Marcos de forma brilhante, depois de uma aula de defesa mostrada por Delboux e Spanto, marcou. 3 x 2, o Ousadia estava na frente. O jogo continuou, mas o cansaço, a dor e o sol complicaram tudo, o Ousadia se fechou o ataque abraçou a defesa e nada passava. Em uma dividida, Spanto cai, 2 tornozelos torcidos de uma vez, teve de sair. Olhou para o jogo e viu sua família se matando, no sufoco, o ataque já não aguentava voltar e Delboux estava sozinho, Kevin olhou pra ele e disse "Você tem que voltar la", enquanto isso George ajudava o time como podia, esperando a volta do pitbull, então Spanto fez o que era certo, amarrou duas camisas nas tornozeleiras, travou o pé e voltou. No final do apito toda dor foi substituída por alegria, o Ousadia Futebol Clube foi o campeão do Campeonato Vital Brasil. Apos o dia inteiro de festa, quando chegamos em casa, apagamos. Caímos em um sono pesado. Nada conseguiria nos acordar, porque em cima de nos estava o peso. O peso de ser Bi Campeão.